SOU
UMBANDISTA, APENAS UMBANDISTA!!!
ESTA
É A MINHA VERDADE!!!
Por
Alexandre Cumino
Não
vemos católicos que são judeus, não vemos muçulmanos pentecostais, não vemos
budistas jainistas. No entanto, vemos umbandistas que são candomblecistas,
umbandistas católicos, umbandistas espíritas, umbandistas evangélicos e etc.
Muito curioso, praticar duas religiões que tenham fundamentos totalmente
diversos.
Sou
umbandista, apenas umbandista, pois a Umbanda me basta em todos os sentidos e
expectativas.
Pertencer
a uma religião é ter seus valores como valores de sentido para nossa vida.
Viver com valores dissonantes é ter uma vida com caminhos dissonantes. Cada
religião tem uma egrégora de energia própria e nem sempre as egrégoras se
complementam. Pelo contrário, muitas vezes se chocam, por conta de seus valores
e convicções diversos.
Pertencer
a muitas religiões não é como fazer muitos cursos e pendurar seus diplomas na
parede. Cada religião chama, e algumas exigem, que seu adepto assuma seus
valores em um caráter confessional, ou seja, confissão de fé, aceitação de que
ali está a sua verdade. Fica a pergunta: onde está a sua verdade, onde está seu
coração?
Pertencer
a muitas religiões pode criar uma hipocrisia religiosa, pois num dia da semana
você nega os valores que prega no outro dia da semana.
Múltipla
pertença religiosa tem sido usado como rótulo para dizer que é mais descolado,
mais espiritualizado. O que não corresponde a verdade. O mais espiritualizado é
aquele que vai mais fundo dentro de si mesmo para vencer suas dores e
dificuldades, e logo se torna melhor para todos ao seu redor, por se tornar
alguém mais bacana, mais agradável, mais feliz, mais realizado.
Usamos
palavras como humildade, paciência e desprendimento para rotular quem é mais
espiritualizado. Talvez por isso, os interessados em serem mais
espiritualizados vão forjando uma imagem de si mesmos, forjando uma máscara
social de mocinhos e mocinhas da luz...
este é o “ego espiritualizado”, uma hipocrisia espiritual.
Ser
espiritualizado é ser você mesmo antes de tudo e tomar consciência da vida
material, espiritual, mental e emocional, tudo junto. Mesmo porque, querer ser
espiritual, negando o corpo e a mente, é um erro cometido por religiões
repressoras que prometiam o céu a quem negasse tudo que existe no mundo.
Mesmo
nos dedicando muito a uma única religião, ainda assim não é fácil ter um
aprofundamento da mesma em nossa alma e espírito, o que dirá praticando muitas.
Não se consegue ter profundidade em nenhuma, fica sendo algo superficial. Nos
enchemos de coisas e elementos externos para tentar tapar um buraco
existencial: nossos medos e fraquezas.
Existem
muitas religiões, porque existem muitas formas diferentes de entrar em contato
com o sagrado, com o divino, e cada grupo de pessoas se identifica com uma
forma, ou cria uma nova forma de sentir e expressar sua espiritualidade.
A
Umbanda, por se tratar de uma religião nova, que nasceu no mundo moderno e se
desenvolve no mundo pós-moderno e contemporâneo, é muito moderna, inovadora,
aberta, evolucionista e inclusiva. A Umbanda nos oferece uma quantidade
infinita e inesgotável de recursos. A incorporação e o passe mediúnico são
apenas dois dos inesgotáveis recursos da religião. O fato é que subestimamos a
Umbanda e muitos, na primeira dificuldade, procuram uma outra religião, ou o
sacerdote de outra religião para lhe orientar e este vai lhe cuidar segundo
fundamentos de outra religião. O correto seria ter paciência e confiar em seus
guias de Umbanda. Se aprofundar e buscar respostas no lugar onde mora a sua
verdade. Descobrir que a Umbanda tem fundamentos e recursos que vão se abrindo
e se apresentando de acordo com nossas necessidades. Ao longo de muitos anos,
vários recursos vão se abrindo dentro da religião, muitos mistérios se
descortinam, mas primeiro é preciso aprender o básico.
O
que é Umbanda?
Qual
é a minha religião?
Quais
seus fundamentos básicos?
Qual
o por quê de cada gesto ritual, de sua liturgia?
Qual
é a sua magia, por que tantos elementos?
Dentro
da umbanda, existe um ambiente mais interno de iniciações na força dos Orixás,
existe uma apresentação formal de muitas linhas de trabalho (caboclos, pretos
velhos... etc), que se apresentam a quem queira se aprofundar no conhecimento
sacerdotal. Por isso e muito mais, estudamos Teologia de Umbanda Sagrada e
Sacerdócio de Umbanda Sagrada. Porque queremos
mais, muito mais, da NOSSA RELIGIÃO, da religião de UMBANDA. Queremos
muito, mas muito mais mesmo, que apenas ir ao terreiro uma vez por semana
“fazer nossa obrigação”, ou “fazer a caridade”. Tudo rotulado, bonitinho,
mecanicamente autômato. Estamos e continuamos comprando um pedaço do céu, agora
chamado Aruanda. Muitos continuam católicos, no inconsciente, continuam
espíritas, continuam com velhos paradigmas e perdem a oportunidade de ir mais
fundo na Umbanda, estão presos na margem, na superfície, no raso. Vamos fundo
na Umbanda, com a Umbanda e para a Umbanda.
EU
SOU UMBANDISTA.
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