quarta-feira, 24 de agosto de 2011

OLORUM




Só existe um Deus, Olorum!

“É na eternidade do tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções acontecem”.
Rubens Saraceni

            A unidade religiosa da Umbanda está em Olorum, o Divino Criador, Deus, princípio de tudo. A palavra Olorum é de origem yorubá, é uma contração de Olodumaré (senhor supremo do destino). Olo significa senhor e Orum o além, o alto, o céu. Olorum é o senhor do Céu, infinito em Si mesmo, onisciente, onipotente, onipresente, oniquerente e indivisível. Ele é em Si toda a criação e rege tudo no universo. Deus é UM, sempre foi e sempre será, mas muitos são os nomes pelos quais Ele é conhecido. Os nomes usados para diferentes povos e religiões, referem-se simplesmente aos diversos caminhos por meio dos quais Deus manifesta a Si mesmo na criação, para cada povo com sua cultura específica.
            Deus não tem um início; é princípio, meio e fim; é o Criador, o Gerador de tudo o que existe e está tanto na Sua criação como nas criaturas e nos seres que gera. Deus é vida, é o mistério que anima e fornece os meios ideais para que nos multipliquemos em nossos filhos, que também trazem em si a capacidade de se reproduzir, pois são gerados em um meio vivo. Olorum, Senhor Supremo do Destino, é infinito em tudo e também o é nas Suas divindades, os Sagrados Orixás. Ele as gerou em Si e elas complementam-se umas as outras na sustentação da criação divina e na manutenção dos princípios que regem, manifestando-se através dos sentidos da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração.
Os orixás são mistérios individualizados do Divino Criador, são Divindades, Tronos Sagrados distribuídos por toda a Sua Criação, são manifestações das qualidades divinas. Olorum é o todo e Suas divindades são as partes formadas por esse todo. Cada divindade atua num campo só seu e em momento algum elas se chocam. Adorar as divindades significa adorar as qualidades de Deus. A magnitude, a grandeza infinita de Olorum, nos agracia e contempla com Suas divindades, pela quais podemos perceber o quanto o Divino Criador é infinito em Si mesmo.
Portanto, a Umbanda não é politeísta e os orixás não são deuses. Eles são divindades de Deus, são irradiações divinas que amparam os seres até que evoluam, desenvolvendo seus dons naturais, para alcançarem seus fins em Deus. Deus se manifesta e se irradia em todos os níveis onde vivem os seres e as criaturas, através do Setenário Sagrado, os sete sentidos da vida, pelos quais fluem as essências divinas (cristalina, mineral, vegetal, ígnea, aérea, telúrica e aquática) que chegam até nós pelas vibrações mentais, sonoras, energéticas e magnéticas.
Olorum nos gerou em Seu íntimo e nos exteriorizou como Seus filhos humanos, dotados com Sua programação genética humana, para que através da nossa vivência, encontremos nossa forma pessoal de evolução e ascensão, pois só assim nos tornaremos em nós mesmos as Divindades humanas de Deus, o nosso Divino Criador.
Nós Vos louvamos e Vos agradecemos Divino Criador Olorum!

(livro: Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista – Rubens Saraceni)

Olorum! Algo que não nos é possível imaginar, e que, como Princípio Criador é impossível de ser penetrado. Isso é o que chamamos “Olorum”, o Princípio de Tudo, o Senhor Deus de todos nós.
Olorum rege todo o Universo. Nada escapa às leis imutáveis do Princípio Criador.
Como centelhas emanadas do Criador, temos que, após nossa evolução, retornaremos a Ele.
Trazemos gravados em nosso mental Sua herança. A nós compete, em nossa caminhada evolutiva, equilibrar sempre esta herança e desenvolvê-la.
Não é possível determinarmos o tempo necessário para que isso se realize. Mas isso não importa a Olorum, o Criador, pois onde quer que estejamos, estaremos N’Ele.
Se quisermos encontrar o Criador Olorum, temos que procurá-Lo primeiramente em nós. Somente depois poderemos entender as leis que regem o Universo.
Olorum é o princípio que rege tudo e todos. E como Ele é “O Perfeito” e O Único Regente da Vida, temos que amá-Lo e respeitá-Lo como o Doador da Vida.
Muitos, ao seu tempo, codificaram leis que nos levaram para mais perto do Princípio Criador, Deus. Mas nunca explicaram o Princípio Regente do Universo. Nem o princípio perfeito que nos rege foi bem explicado.
Nosso espírito traz em si princípios criadores, e a exemplo das borboletas que têm que deixar o casulo para voar, precisamos do corpo físico para nos desenvolver.
Quando encarnamos, é o corpo que vai sustentar o espírito para que, quando este se libertar, possa dar os seus “vôos”. Mas muitos, após deixarem seu corpo, não conseguem voar porque estão atados ao casulo carnal.
Quando isso ocorre, dizemos que esta vida foi inútil, porque não permitiu ao nosso espírito alçar vôo rumo ao Criador Olorum.
Mas isso ocorre porque alguns dos Seus princípios foram distorcidos por nós. Para estarmos em harmonia com Olorum, não podemos desafiar Suas leis.
Olorum não é algo que possamos imaginar sob uma forma física. Um princípio é como uma lei, não tem forma, apenas ação.
Olorum é tudo o que podemos imaginar e muito mais. Ele está na menor partícula que pode existir no Universo, e também na maior ou no próprio Universo. O Universo é seu corpo e nós somos células desse organismo perfeito. Vamos amá-Lo e respeitá-Lo como Ele é: o Princípio da Vida! Vamos respeitá-Lo e às Suas leis imutáveis, que assim chegaremos mais rapidamente ao plano celestial que Ele nos reservou.
Na Umbanda, Olorum é o Princípio, e os Orixás são seus agentes executores das leis que regem tanto a vida quanto a Natureza. Os orixás não são deuses no sentido vulgar que muitos lhes querem dar.
O Ritual de Umbanda é isso: muito saber a ser descoberto! Muita luz ainda por vir. E isso é só o começo. Quando isso se difundir, acabarão os dissídios entre os homens, porque quem conhece as leis que regem o Princípio Criador não as desafia, pois sabe que elas executam-se. Como princípios vivos que são, estas leis não precisam de juízes, e quem as transgride é automaticamente punido pela própria transgressão.
Tudo isso é o princípio Criador, Olorum.
Mas Olorum, além de ser a Lei, é o Amor. Amor este que se traduz por um sentimento de ponderação. Aquele que ofende ou desrespeita o objeto amado, em verdade não o ama. Está sendo movido apenas pela paixão, não pelo amor.
A paixão é aquilo que os fanáticos entendem por amor, seja a uma causa, a uma pessoa ou a Olorum. O Amor a Olorum é que equilibra os espíritos humanos, assim como toda a criação.
Somente a Razão nos aproxima do Princípio Criador. A Razão precisa estar em harmonia com o Amor. É através de um ato de amor que a vida nos é concedida, e é por este mesmo amor que o Princípio criador nos mantém com tantos recursos da Natureza.
Não podemos penetrar em sua essência, pois isso é impossível, mas podemos senti-La pulsando em nós mesmos. E somente quem ama de verdade o Princípio Criador Olorum, consegue senti-Lo.
Quem O ama não O ofende com a ignorância que impera entre os homens e a respeito de Sua natureza. Não como O cultuemos. O que realmente importa é que O amemos e respeitemos, como parte de Seu todo. Dentro do Universo, somos criação Dele.
É Como seres dotados dos sentidos e dons em nossa herança genética, temos por finalidade ativá-los cada vez mais, não importando quantas reencarnações sejam necessárias para que consigamos isso.
Mas desde que conheçamos esses sentidos ou dons, podemos torná-los ainda na carne, sem esperar pelo mundo espiritual para desenvolvê-los.
Quando procuramos o conhecimento, começamos a adquirir Sabedoria, que por sua vez desperta a Razão. Essa mesma Razão nos faz procurar o Equilíbrio, ou as leis que regem o Todo. Após muita procura, conseguimos descobri-las.
Tendo encontrado esses princípios, e percebendo que são perfeitos, passamos a ser movidos pela Fé, uma fé inquebrável em Olorum, o Princípio Vivo. Tendo Fé nesse Princípio, nós passamos a amar a vida como uma dádiva Sua. E, se temos Fé e amamos a Vida, então amamos o Criador Olorum.

  Conhecimento
            Eis como se desperta a herança do Criador! Conhecê-Lo é importante, tanto para Ele como para nós. A Ele interessa que O amemos e O respeitemos após conhecê-Lo, pois quem conhece solidifica seu amor. Estes são Seus desígnios sagrados.
Só vivenciamos a Fé pura, aquela que não precisa de explicações profundas, quando nosso espírito está sendo reajustado ou conduzido à senda da Luz Eterna. Quando isso é obtido, em beneficio do espírito começa a peregrinação rumo ao conhecimento.
Quando adquirimos o conhecimento a respeito dos muito meios que Olorum, o Criador utiliza para se comunicar conosco, passamos à busca da Sabedoria.

           Sabedoria
A Sabedoria nos revela os mistérios ocultos e sagrados.
São muitos os mistérios, e a partir daí iremos descobrir qual é o nosso ancestral místico, ou elemento com o qual o espírito foi alimentado.
O espírito é emanação pura do Criador e somente no decorrer de muitas reencarnações é que ele vai absorver os seus fatores opostos, ou qualidades que predominam nos outros elementos.
Quando nos tornamos sábios, procuramos nos guia pela Razão, ou raciocínio.

            Razão
A razão é que nos ensina como usar o que a Sabedoria nos revelou: seus mistérios, sua força ativa e sua razão de ser.
Passamos então por um novo estágio. À vezes somos levados à vida religiosa, outras vezes nos dedicamos a ensinar nossos semelhantes a condição de professores, ou simplesmente conselheiros, etc.
O modo escolhido não importa. O importante é que estamos usando o saber acumulado em nosso inconsciente com o auxílio da Razão, e não da emoção pura, o que proporciona o Equiilibrio ou Lei.

            Equilíbrio
A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, através do conhecimento da Lei que nos rege.
Esta Lei não é cega nem falível porque, se ensinarmos errado seremos colhidos por ela, que exige muito de quem conhece os mistérios da Razão.
Este equilíbrio nos diz o que é certo e o que é errado na vida.
Se trilharmos no equilíbrio da Lei, iremos adquirir uma fé indestrutível no que fazemos e no que falamos: tudo o que fizermos ou falarmos terá um sentido. Nada será feito ou dito em vão. Tudo terá sua razão de ser, porque é assim que é. E não adiantará que digam que é de outra forma.
É isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei sacrifiquem-se em benefício dos semelhantes sem nada esperar em troca.
Tudo se resume em servir à sua família, ao seu círculo familiar, à sua comunidade, tanto civil quanto religiosa, e servir a Deus.
  
                             Vida
            E quando alguém se torna “equilibrador” de seus semelhantes é porque descobriu o sentido da Vida.
            Usando o exemplo do corpo humano, sabemos que, para estarmos bem, todos devem estar saudáveis e equilibrados à nossa volta. Não somos órgãos isolados do corpo de Olorum. Passamos, então, a nos preocupar mais com o bem estar do nosso semelhante do que com nós mesmos. Dedicamos um tempo de nossa vida a ajudar na solução dos problemas alheios, e muitas vezes esquecemos nossos próprios problemas.
            Descobrimos, assim, o sentido da Vida, e o porquê de termos tudo o que precisamos á nossa disposição. Pedimos, então, que retirem da natureza apenas o necessário, sem destruírem-na, pois aquilo que não serve para uns pode servir a outros, e assim sucessivamente.
            Dessa forma estamos nos integrando por inteiro ao nosso ancestral místico. Não nos incomodamos mais com as outras religiões. Nem cor, nem raça nos incomoda mais. Sabemos que tudo é parte do mesmo corpo divino de Olorum, o Criador de Tudo e de Todos.
            Olhamos com olhos que buscam nas coisas simples a essência do criador. Sabemos que uma pedra é tão importante quanto uma montanha; que um copo de água é tão importante quanto um lago. Sabemos também que uma chama é tão importante quanto o sol, e que o pedaço de solo de onde tiramos nosso alimento, ou sobre ele moramos, é tão importante quanto o resto do planeta.
            Como se dá isso?
            Simples: umas pedras juntadas ao acaso servem para construir um muro, ou uma casa, ou uma represa. Enfim, nos trazem algum tipo de proteção, assim como as montanhas servem para proteger o planeta, contendo as águas, barrando a força dos ventos, equilibrando-os em si mesmos.
            Assim como um copo de água sacia nossa sede, um lago é fonte de vida na natureza, e tem sua função regulada pelas necessidades dos seres que dele vivem; uma chama no fogão cozinha os alimentos, enquanto o calor do sol transforma a natureza em vida através de seus ciclos eternos e imutáveis consubstanciados nas estações climáticas.
            Sabemos que tudo é vida, que a própria morte é um ato de vida. Sabemos que, em verdade, nada muda com a morte, que apenas muda a vibração e, por sabermos de tudo isso que o conhecimento despertou, adquirimos uma fé indestrutível no Criador Olorum.

             
Sabemos que é Ele, de fato, o fim de tudo. Que por Ele fomos gerados e a Ele retornaremos, não mais na forma de uma pequena centelha, mas sim como grandes seres iluminados.
Acreditamos nesse princípio, e nossa fé é indestrutível. Nada consegue demovê-la. Tudo tem sua razão de ser. Tudo é! Isto é Fé!
É ela que nos faz perceber a grandeza do Criador Olorum, o Princípio de Tudo e de Todos. É esta fé que nos faz transbordar em Amor.

                         Amor
Amamos a nós mesmos como obra sagrada do Deus Criador Olorum. Amamos a vida dos nossos semelhantes como a nossa própria vida. Amamos a natureza que nos sustenta vivos e que, após a morte da carne, através de seus pontos de força, cria condições para a continuidade da existência do espírito.
Então em nós não há lugar para a revolta, o ódio, a inveja ou a paixão. Temos somente Amor. E muito Amor recebemos de Olorum.
Notem que em qualquer ordem que colocarmos um dos sete princípios ele será ativador dos outros seis que trazemos como herança do nosso Criador Olorum. Ao nos aproximarmos de um deles, e se o absorvermos estaremos absorvendo a todos os outros.
Isto tudo é Olorum, o Criador!
Tudo N’Ele age integrado. Nada é por acaso, tudo tem um sentido.
Se aprendermos com o auxílio dos sete sentidos, que Olorum nos dotou com nossa herança ancestral, estaremos de fato integrados ao seu  Corpo divino. Não seremos folhas soltas ao vento, nem água parada, insalubre. Todos podem saciar sua sede de conhecimento de Olorum, o Criador. Não seremos simples átomos, distantes do seu elemento gerador, mas sim, seremos parte do Todo divino.
Não seremos uma luz perdida nas trevas, mas sim luzes emanadas do Criador, algumas vezes colocadas nas trevas para servir como faróis em alto-mar a guiar aqueles que estão em longa jornada e que precisam de um sinaleiro que lhes diga onde estão as rotas perigosas, e qual o melhor caminho a seguir para que levem a bom termo sua viagem evolutiva.
Por que isso? Porque sabemos, e acreditamos com muita fé, que um dia partimos do Criador Olorum com uma finalidade: engrandecer a Sua Criação. Sabemos que podemos encontrá-Lo em todos os lugares ao mesmo tempo, falando diferentes línguas a diferentes filhos Seus e a todos Ensinando.
Muitas vezes, Ele não é compreendido. Mas Se incomoda com isso, porque sabe que Se não foi Compreendido numa determinada língua, em outra língua ou em outro tempo Será. Tudo é uma questão de tempo!
Olorum não tem pressa. Ele é “O Perfeito”, e nos tem como parte integrante dessa obra perfeita que é o universo.
Você tem alguma dúvida quanto a isso?
Então só o tempo lhe responderá de forma mais sábia “Quem” e “O Que” é Olorum, o Princípio Criador.
Muito mais poderíamos falar a respeito de Olorum, mas quem ainda não conseguiu entender o Seu princípio, não está preparado para conhecer mais a Seu respeito. E quem entendeu o que foi dito é porque já possui um ou mais dos fatores que compõem Sua herança ancestral. E, no seu devido tempo, terá todas as respostas a respeito de Olorum, o Criador de Tudo e de Todos.

(livro: Umbanda Sagrada – Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

AS DIVINDADES DE DEUS


A palavra divindade significa algo Divino e é aplicada aos seres que são, em si, mistérios de Deus. Logo, uma divindade é um ser Divino e um mistério de Deus.
Elas podem ser denominadas anjos, arcanjos, serafins, tronos, orixá, etc., e podem ter nomes bem humanos, tais como: Anjo do Amor, Arcanjo Miguel, Serafim Verde, Trono da Fé, Oxalá, etc.
Aí temos várias classes de divindades, cada uma com um nome formado por palavras humanas. Os nomes foram dados a elas por pessoas que as identificaram a partir do que viram nelas ou delas sentiram.
Nós temos uma distribuição para cada classe e as denominamos segundo nosso entendimento humano das coisas Divinas.
Agora, caso queiramos ter uma noção do que são as divindades de Deus, então temos que abordá-las da seguinte forma:
«  Uma divindade é um ser gerado em Deus; qualificado por Ele com uma de Suas qualidades; amadurecido em seu interior; divinizado dentro d’Ele e exteriorizado por Ele, já como um ser gerador e irradiador natural da qualidade Divina que o distingue e o torna o que é em si: uma divindade de Deus e um mistério em si mesmo.
«  Toda divindade já era o que é antes de ter-se deslocado do interior de Deus e ter passado a viver no seu exterior, no qual por ter u ma qualidade especificamente Divina, também tem uma função especifica onde quer que venha a estar.
«  Não importa que ela se desloque ou seja deslocada por Ele, pois sempre será o que é desde que foi gerada n’Ele: sempre será uma divindade.
«  Dentro de uma mesma classe de divindades, nós a encontramos em todos os níveis da criação, e se não podemos visualizá-las no macro por causa da nossa limitação visual, no entanto podemos ter uma idéia de como são porque nos é possível ver as divindades locais.
«  Nós, vendo uma divindade local (ou menor), podemos ter uma idéia de como são as divindades médias, maiores ou celestiais, porque em uma mesma classe todas são iguais.
«  Uma divindade não é onipotente, onipresente, oniquerente e onisciente em todos os sentidos, em todos os aspectos e em todos os níveis da criação porque essa atribuição é exclusiva de Deus, e só d’Ele.
«  Mas uma divindade – seja ela menor, média ou maior – no sentido, no aspecto e no nível vibratório em que atua, é sua autoridade máxima porque é em si a representante exclusiva de Deus. E em si é onipotente, onisciente, onipresente e oniquerente porque ali ela é a potencia Divina d’Ele.
«  As divindades são exteriorizações de Deus e podemos vê-Lo nelas, já que esta são, em si, seus aspectos exteriores e são as exteriorizadoras dos seus aspectos Divinos e internos.
«  Nós não devemos separar uma divindade menor da sua igual média ou maior, pois são uma mesma coisa, apenas individualizadas nos seus níveis vibratórios correspondentes.

Com isso entendido, saibam que Deus tem em cada uma de suas divindades uma de suas feições Divinas e Ele, que é infinito em tudo, também o é nas suas feições, pois o número de suas divindades é infinito e não se  limita só as que são conhecidas no plano material da vida, nesse nosso abençoado planeta Terra, e que são as representantes Divinas aqui, pois em outros planetas há outras, específicas para cada um deles.
Tal como as divindades de Deus, que são suas exteriorizadoras Divinas, nós somos seus exteriorizadores, humanos, e podemos nos divinizar, caso sejamos humanos em todos os nossos sentidos capitais, que são: o sentido da Fé, o sentido do Amor, o sentido do Conhecimento, o sentido da Justiça, o sentido da Lei, o sentido da Evolução e o sentido da Geração.
E se ousamos dizer isto, é porque Deus nos gerou no seu íntimo e nos exteriorizou (conduziu-nos ao seu exterior) já como Seus (Suas) filhos(as) humanos(as) com sua herança genética humanística, a qual, por ser uma de suas qualidades vivas, nos tornou Divinos assim que Ele nos gerou.
Divinizemo-nos através do nosso humanismo, pois só assim nós também nos tornaremos em nós mesmos as divindades de Deus, o nosso Divino Criador.


(Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada: a religião dos mistérios um hino de amor a vida. Rubens Saraceni – São Paulo: Madras, 2008)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

AS SETE LINHAS DE UMBANDA


As sete linhas de Umbanda não são sete orixás, mas sim as sete Irradiações Divinas, que são sete vibrações de Deus que dão sustentação a tudo o que existe em nosso planeta.
São irradiações Divinas e cada uma flui num padrão próprio e influencia quem é alcançado por ela, alterando sentimentos mais íntimos e nosso padrão vibratório, tornando-nos afins com elas, que estimulam em nós a vibração de sentimentos nobres e virtuosos.
São sete irradiações, sete padrões vibratórios, sete sentidos da vida e sete sentimentos.
As sete irradiações dão origem a sete essências, que dão origem a sete elementos, que dão origem a sete tipos de matérias ou energias.
Essências: cristalina, mineral, vegetal, ígnea, eólica, telúrica, aquática.
Como essências, são irradiações “essenciais” que penetram nosso mental e espalham-se pelo nosso ser imortal, estimulando-nos de dentro para fora, ativando nossos sentimentos virtuosos.
Mas quando são irradiações energéticas ou elementais, elas estimulam nosso corpo energético, alterando nosso padrão vibratório, elevando-nos imediatamente. São essas irradiações que nos chegam por intermédio dos orixás.
Existem orixás que, por sua própria natureza, são polarizadores e irradiam essas vibrações de forma passiva ou ativa.
Enquanto no nível da essência, elas são imperceptíveis, pois nos chegam direto de Deus. Mas quando as recebemos dos orixás, elas são elementais e já forma bipolarizadas. Logo, as sete linhas assumem esta bipolarização, surgindo automaticamente dois pólos em cada uma delas.
Assim, temos sete linhas, mas catorze orixás, pois uns ocupam os pólos ativos e outros, os pólos passivos.
É nesta bipolarização que os arquétipos dos orixás vão se formando; aí eles vão se individualizando e assumindo atribuições específicas, mesmo atuando sob uma mesma irradiação.
  
Oxalá
Atuam na linha da fé ou da religiosidade
Oyá – Tempo
Oxum
Atuam na linha do amor ou da concepção
Oxumaré
Oxossi
Atuam na linha do conhecimento ou raciocínio
Obá
Xangô
Atuam na linha da justiça ou da razão
Iansã
Ogum
Atuam na linha da lei ou ordenação
Egunitá
Obaluaê
Atuam na linha da evolução ou equilíbrio
Nanã
Iemanjá
Atuma na linha da geração ou maternidade
Omolu

 Esses orixás dão sustentação vibratória a todos os trabalhos nos Templos de Umbanda Sagrada.
Um orixá pode manifestar todas as sete essências e sustentar toda uma religião por si só. Um só aparece, mas todos os outros estão por perto, ainda que não se mostrem.

(Saraceni, Rubens. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada. Editora Madras)







segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O QUE É ORIXÁ ?


Orixá é um poder divino em si mesmo e realiza-se na vida dos seus cultuadores como uma energia viva e divina capaz de realizar ações abrangentes, modificadoras da vida do ser.
Orixá é o poder de Deus manifestado de forma “personificada” em que um ente de natureza divina irradia continuamente esse poder que concentra em si e doa graciosamente a todos que, movidos pela fé, a ele recorrer religiosamente por meio de cantos e orações.
Já quem recorrer magisticamente a eles, aí é preciso outros procedimentos para ativação do seu poder realizador.
Muitos são os poderes de Deus e muitos são os Orixás cultuados na Umbanda. Diferente do Candomblé Nagô, onde o sobrenome é designador da qualidade do Orixá, na Umbanda cada sobrenome simbólico indica uma entidade em si com sua hierarquia espiritual a manifestá-lo e trabalhar incorporado durante as giras ou sessões de incorporação.
Ogum é o Orixá maior. Já Ogum Megê é o “Ogum dos Cemitérios”.
Ogum para todos, Ogum Megê para os trabalhos espirituais no terreiro ou no cemitério.
Para um sacerdote dos Orixás na Nigéria, provavelmente é uma heresia oferendar Ogum em um cemitério. Mas nós só oferendamos Ogum Megê no cemitério, pois, para nós, ele é o ordenador ético e moral dos procedimentos nos domínios de Obaluaiê e Omulu, os donos do “Campo Santo”.
Logo, se é nesse campo que essa entidade atua, é nele que deve ser firmado, oferendado e invocado magisticamente. Esses procedimentos não fomos nós, os encarnados, que determinamos. Quem os ensinou e ordenou que assim procedêssemos foi a espiritualidade que, aos se manifestar em seus médiuns, indicava como deviam proceder.
Pouco a pouco, todo um novo conhecimento e uma nova forma de cultuar e ativar os poderes dos Orixás nos foram sendo transmitidos até que chegamos a um ponto em que precisamos limitar um pouco as muitas possibilidades colocadas à nossa disposição pelos guias espirituais.
Isto é Orixá na Umbanda: uma força e um poder colocados à nossa disposição de uma forma diferente da já tradicional na Nigéria.
Como a Umbanda nasceu no Brasil e foi pensada no plano espiritual por mentes evoluidíssimas, um novo modo e uma nova forma foram tomando corpo e resultaram em uma nova religião.
Tal como o Cristianismo fez com o Velho Testamento: reescreveu-o no Novo Testamento e está aí, há dois mil anos acolhendo e sustentando religiosamente os seus seguidores.
Orixá é poder divino e pode ser adaptado a vários modos e formas de culto e de magia.
Orixá gera religiões e magias porque é poder fundamentado em Olorum, o nosso Divino Criador.
Não tenham dúvidas, se for preciso, eles criam novas formas de culto e novos modos de ativá-los religiosa e magisticamente. Quando e onde for necessário, lá surgirão uma forma e um modo específicos onde seus fundamentos divinos, os naturais, os espirituais e os magísticos estarão preservados e intactos porque são divinos, são sagrados e são parte deles.
Na verdade, os seus fundamentos são imutáveis porque são suas essências e suas qualidades religiosas e magísticas.
Concluindo, Orixás é poder divino colocado à nossa disposição e alcance para recorrermos quando criam-nos ou criamo-nos dificuldades que paralisam nossa evolução espiritual ou material. Ou ambas!




Texto extraído do livro “Os Arquétipos da Umbanda - As hierarquias espirituais dos Orixás” de Rubens Saraceni - Editora Madras.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Orixá Ancestral, de Frente e Adjuntó


Uma dúvida dos umbandistas é sobre seu orixá. Nós sabemos que orixá ancestral não é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu magnetismo divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina.
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se forem machos é o orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá Oiá que assume sua ancestralidade.
Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo Trono do Amor. E, se forem machos é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se forem machos é o orixá Oxossi que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Obá que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados pelo Trono da Razão. E, se forem machos é o orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egunitá que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem machos é o orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iansã que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução. E, se forem machos é o orixá Obaluaiyê que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Nanã que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são fatorados pelo Trono da Geração. E, se forem machos é o orixá Omulu que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá que assume suas ancestralidades.
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material, e sim, ao ser que acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que, por serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesma aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismo divinos e dão aos seres uma ancestralidade, imutável pois é divina e jamais ela deixará de guiá-los porque a natureza íntima de cada um será formada na qualidade que o distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar mil vezes, e sob as mais diversas irradiações, que nunca mudará sua natureza íntima. Agora, a cada encarnação ele será regido por um orixá de frente (o que o guiará enquanto viver na carne) e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse orixá de frente ou da “cabeça”. Usamos o termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo, pois está de “frente” para ele. Sim, o orixá da cabeça está á nossa frente nos atraindo mentalmente para seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o, pois só assim o ser não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá ancestral.
Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é filha de um orixá feminino.
Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o orixá masculino só participa como apassivador dessa sua natureza feminina.
Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos, têm sete orixás masculinos e na dos seres fêmeas, têm sete orixás femininos.
Têm sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que, mesmo que o orixá da cabeça ou de frente seja, digamos, a orixá Iansã, ainda assim, por trás dessa regência poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que ele atua.
Outra forma de identificação é através do Guia de frente e do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se identificarem.
E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental. Certo?
Então, que todos entendam isto:

 «  Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
«  Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção na qual o ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento interno.
«  Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.


Por isso, também, é que muitos encontram em si qualidades de vários orixás. A cada encarnação há a troca de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Certo?