Só existe um Deus, Olorum!
“É na eternidade do tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções acontecem”.
Rubens Saraceni
A unidade religiosa da Umbanda está em Olorum, o Divino Criador, Deus, princípio de tudo. A palavra Olorum é de origem yorubá, é uma contração de Olodumaré (senhor supremo do destino). Olo significa senhor e Orum o além, o alto, o céu. Olorum é o senhor do Céu, infinito em Si mesmo, onisciente, onipotente, onipresente, oniquerente e indivisível. Ele é em Si toda a criação e rege tudo no universo. Deus é UM, sempre foi e sempre será, mas muitos são os nomes pelos quais Ele é conhecido. Os nomes usados para diferentes povos e religiões, referem-se simplesmente aos diversos caminhos por meio dos quais Deus manifesta a Si mesmo na criação, para cada povo com sua cultura específica.
Deus não tem um início; é princípio, meio e fim; é o Criador, o Gerador de tudo o que existe e está tanto na Sua criação como nas criaturas e nos seres que gera. Deus é vida, é o mistério que anima e fornece os meios ideais para que nos multipliquemos em nossos filhos, que também trazem em si a capacidade de se reproduzir, pois são gerados em um meio vivo. Olorum, Senhor Supremo do Destino, é infinito em tudo e também o é nas Suas divindades, os Sagrados Orixás. Ele as gerou em Si e elas complementam-se umas as outras na sustentação da criação divina e na manutenção dos princípios que regem, manifestando-se através dos sentidos da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração.
Os orixás são mistérios individualizados do Divino Criador, são Divindades, Tronos Sagrados distribuídos por toda a Sua Criação, são manifestações das qualidades divinas. Olorum é o todo e Suas divindades são as partes formadas por esse todo. Cada divindade atua num campo só seu e em momento algum elas se chocam. Adorar as divindades significa adorar as qualidades de Deus. A magnitude, a grandeza infinita de Olorum, nos agracia e contempla com Suas divindades, pela quais podemos perceber o quanto o Divino Criador é infinito em Si mesmo.
Portanto, a Umbanda não é politeísta e os orixás não são deuses. Eles são divindades de Deus, são irradiações divinas que amparam os seres até que evoluam, desenvolvendo seus dons naturais, para alcançarem seus fins em Deus. Deus se manifesta e se irradia em todos os níveis onde vivem os seres e as criaturas, através do Setenário Sagrado, os sete sentidos da vida, pelos quais fluem as essências divinas (cristalina, mineral, vegetal, ígnea, aérea, telúrica e aquática) que chegam até nós pelas vibrações mentais, sonoras, energéticas e magnéticas.
Olorum nos gerou em Seu íntimo e nos exteriorizou como Seus filhos humanos, dotados com Sua programação genética humana, para que através da nossa vivência, encontremos nossa forma pessoal de evolução e ascensão, pois só assim nos tornaremos em nós mesmos as Divindades humanas de Deus, o nosso Divino Criador.
Nós Vos louvamos e Vos agradecemos Divino Criador Olorum!
(livro: Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista – Rubens Saraceni)
Olorum! Algo que não nos é possível imaginar, e que, como Princípio Criador é impossível de ser penetrado. Isso é o que chamamos “Olorum”, o Princípio de Tudo, o Senhor Deus de todos nós.
Olorum rege todo o Universo. Nada escapa às leis imutáveis do Princípio Criador.
Como centelhas emanadas do Criador, temos que, após nossa evolução, retornaremos a Ele.
Trazemos gravados em nosso mental Sua herança. A nós compete, em nossa caminhada evolutiva, equilibrar sempre esta herança e desenvolvê-la.
Não é possível determinarmos o tempo necessário para que isso se realize. Mas isso não importa a Olorum, o Criador, pois onde quer que estejamos, estaremos N’Ele.
Se quisermos encontrar o Criador Olorum, temos que procurá-Lo primeiramente em nós. Somente depois poderemos entender as leis que regem o Universo.
Olorum é o princípio que rege tudo e todos. E como Ele é “O Perfeito” e O Único Regente da Vida, temos que amá-Lo e respeitá-Lo como o Doador da Vida.
Muitos, ao seu tempo, codificaram leis que nos levaram para mais perto do Princípio Criador, Deus. Mas nunca explicaram o Princípio Regente do Universo. Nem o princípio perfeito que nos rege foi bem explicado.
Nosso espírito traz em si princípios criadores, e a exemplo das borboletas que têm que deixar o casulo para voar, precisamos do corpo físico para nos desenvolver.
Quando encarnamos, é o corpo que vai sustentar o espírito para que, quando este se libertar, possa dar os seus “vôos”. Mas muitos, após deixarem seu corpo, não conseguem voar porque estão atados ao casulo carnal.
Quando isso ocorre, dizemos que esta vida foi inútil, porque não permitiu ao nosso espírito alçar vôo rumo ao Criador Olorum.
Mas isso ocorre porque alguns dos Seus princípios foram distorcidos por nós. Para estarmos em harmonia com Olorum, não podemos desafiar Suas leis.
Olorum não é algo que possamos imaginar sob uma forma física. Um princípio é como uma lei, não tem forma, apenas ação.
Olorum é tudo o que podemos imaginar e muito mais. Ele está na menor partícula que pode existir no Universo, e também na maior ou no próprio Universo. O Universo é seu corpo e nós somos células desse organismo perfeito. Vamos amá-Lo e respeitá-Lo como Ele é: o Princípio da Vida! Vamos respeitá-Lo e às Suas leis imutáveis, que assim chegaremos mais rapidamente ao plano celestial que Ele nos reservou.
Na Umbanda, Olorum é o Princípio, e os Orixás são seus agentes executores das leis que regem tanto a vida quanto a Natureza. Os orixás não são deuses no sentido vulgar que muitos lhes querem dar.
O Ritual de Umbanda é isso: muito saber a ser descoberto! Muita luz ainda por vir. E isso é só o começo. Quando isso se difundir, acabarão os dissídios entre os homens, porque quem conhece as leis que regem o Princípio Criador não as desafia, pois sabe que elas executam-se. Como princípios vivos que são, estas leis não precisam de juízes, e quem as transgride é automaticamente punido pela própria transgressão.
Tudo isso é o princípio Criador, Olorum.
Mas Olorum, além de ser a Lei, é o Amor. Amor este que se traduz por um sentimento de ponderação. Aquele que ofende ou desrespeita o objeto amado, em verdade não o ama. Está sendo movido apenas pela paixão, não pelo amor.
A paixão é aquilo que os fanáticos entendem por amor, seja a uma causa, a uma pessoa ou a Olorum. O Amor a Olorum é que equilibra os espíritos humanos, assim como toda a criação.
Somente a Razão nos aproxima do Princípio Criador. A Razão precisa estar em harmonia com o Amor. É através de um ato de amor que a vida nos é concedida, e é por este mesmo amor que o Princípio criador nos mantém com tantos recursos da Natureza.
Não podemos penetrar em sua essência, pois isso é impossível, mas podemos senti-La pulsando em nós mesmos. E somente quem ama de verdade o Princípio Criador Olorum, consegue senti-Lo.
Quem O ama não O ofende com a ignorância que impera entre os homens e a respeito de Sua natureza. Não como O cultuemos. O que realmente importa é que O amemos e respeitemos, como parte de Seu todo. Dentro do Universo, somos criação Dele.
É Como seres dotados dos sentidos e dons em nossa herança genética, temos por finalidade ativá-los cada vez mais, não importando quantas reencarnações sejam necessárias para que consigamos isso.
Mas desde que conheçamos esses sentidos ou dons, podemos torná-los ainda na carne, sem esperar pelo mundo espiritual para desenvolvê-los.
Quando procuramos o conhecimento, começamos a adquirir Sabedoria, que por sua vez desperta a Razão. Essa mesma Razão nos faz procurar o Equilíbrio, ou as leis que regem o Todo. Após muita procura, conseguimos descobri-las.
Tendo encontrado esses princípios, e percebendo que são perfeitos, passamos a ser movidos pela Fé, uma fé inquebrável em Olorum, o Princípio Vivo. Tendo Fé nesse Princípio, nós passamos a amar a vida como uma dádiva Sua. E, se temos Fé e amamos a Vida, então amamos o Criador Olorum.
Conhecimento
Eis como se desperta a herança do Criador! Conhecê-Lo é importante, tanto para Ele como para nós. A Ele interessa que O amemos e O respeitemos após conhecê-Lo, pois quem conhece solidifica seu amor. Estes são Seus desígnios sagrados.
Só vivenciamos a Fé pura, aquela que não precisa de explicações profundas, quando nosso espírito está sendo reajustado ou conduzido à senda da Luz Eterna. Quando isso é obtido, em beneficio do espírito começa a peregrinação rumo ao conhecimento.
Quando adquirimos o conhecimento a respeito dos muito meios que Olorum, o Criador utiliza para se comunicar conosco, passamos à busca da Sabedoria.
Sabedoria
A Sabedoria nos revela os mistérios ocultos e sagrados.
São muitos os mistérios, e a partir daí iremos descobrir qual é o nosso ancestral místico, ou elemento com o qual o espírito foi alimentado.
O espírito é emanação pura do Criador e somente no decorrer de muitas reencarnações é que ele vai absorver os seus fatores opostos, ou qualidades que predominam nos outros elementos.
Quando nos tornamos sábios, procuramos nos guia pela Razão, ou raciocínio.
Razão
A razão é que nos ensina como usar o que a Sabedoria nos revelou: seus mistérios, sua força ativa e sua razão de ser.
Passamos então por um novo estágio. À vezes somos levados à vida religiosa, outras vezes nos dedicamos a ensinar nossos semelhantes a condição de professores, ou simplesmente conselheiros, etc.
O modo escolhido não importa. O importante é que estamos usando o saber acumulado em nosso inconsciente com o auxílio da Razão, e não da emoção pura, o que proporciona o Equiilibrio ou Lei.
Equilíbrio
A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, através do conhecimento da Lei que nos rege.
Esta Lei não é cega nem falível porque, se ensinarmos errado seremos colhidos por ela, que exige muito de quem conhece os mistérios da Razão.
Este equilíbrio nos diz o que é certo e o que é errado na vida.
Se trilharmos no equilíbrio da Lei, iremos adquirir uma fé indestrutível no que fazemos e no que falamos: tudo o que fizermos ou falarmos terá um sentido. Nada será feito ou dito em vão. Tudo terá sua razão de ser, porque é assim que é. E não adiantará que digam que é de outra forma.
É isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei sacrifiquem-se em benefício dos semelhantes sem nada esperar em troca.
Tudo se resume em servir à sua família, ao seu círculo familiar, à sua comunidade, tanto civil quanto religiosa, e servir a Deus.
Vida
E quando alguém se torna “equilibrador” de seus semelhantes é porque descobriu o sentido da Vida.
Usando o exemplo do corpo humano, sabemos que, para estarmos bem, todos devem estar saudáveis e equilibrados à nossa volta. Não somos órgãos isolados do corpo de Olorum. Passamos, então, a nos preocupar mais com o bem estar do nosso semelhante do que com nós mesmos. Dedicamos um tempo de nossa vida a ajudar na solução dos problemas alheios, e muitas vezes esquecemos nossos próprios problemas.
Descobrimos, assim, o sentido da Vida, e o porquê de termos tudo o que precisamos á nossa disposição. Pedimos, então, que retirem da natureza apenas o necessário, sem destruírem-na, pois aquilo que não serve para uns pode servir a outros, e assim sucessivamente.
Dessa forma estamos nos integrando por inteiro ao nosso ancestral místico. Não nos incomodamos mais com as outras religiões. Nem cor, nem raça nos incomoda mais. Sabemos que tudo é parte do mesmo corpo divino de Olorum, o Criador de Tudo e de Todos.
Olhamos com olhos que buscam nas coisas simples a essência do criador. Sabemos que uma pedra é tão importante quanto uma montanha; que um copo de água é tão importante quanto um lago. Sabemos também que uma chama é tão importante quanto o sol, e que o pedaço de solo de onde tiramos nosso alimento, ou sobre ele moramos, é tão importante quanto o resto do planeta.
Como se dá isso?
Simples: umas pedras juntadas ao acaso servem para construir um muro, ou uma casa, ou uma represa. Enfim, nos trazem algum tipo de proteção, assim como as montanhas servem para proteger o planeta, contendo as águas, barrando a força dos ventos, equilibrando-os em si mesmos.
Assim como um copo de água sacia nossa sede, um lago é fonte de vida na natureza, e tem sua função regulada pelas necessidades dos seres que dele vivem; uma chama no fogão cozinha os alimentos, enquanto o calor do sol transforma a natureza em vida através de seus ciclos eternos e imutáveis consubstanciados nas estações climáticas.
Sabemos que tudo é vida, que a própria morte é um ato de vida. Sabemos que, em verdade, nada muda com a morte, que apenas muda a vibração e, por sabermos de tudo isso que o conhecimento despertou, adquirimos uma fé indestrutível no Criador Olorum.
Fé
Sabemos que é Ele, de fato, o fim de tudo. Que por Ele fomos gerados e a Ele retornaremos, não mais na forma de uma pequena centelha, mas sim como grandes seres iluminados.
Acreditamos nesse princípio, e nossa fé é indestrutível. Nada consegue demovê-la. Tudo tem sua razão de ser. Tudo é! Isto é Fé!
É ela que nos faz perceber a grandeza do Criador Olorum, o Princípio de Tudo e de Todos. É esta fé que nos faz transbordar em Amor.
Amor
Amamos a nós mesmos como obra sagrada do Deus Criador Olorum. Amamos a vida dos nossos semelhantes como a nossa própria vida. Amamos a natureza que nos sustenta vivos e que, após a morte da carne, através de seus pontos de força, cria condições para a continuidade da existência do espírito.
Então em nós não há lugar para a revolta, o ódio, a inveja ou a paixão. Temos somente Amor. E muito Amor recebemos de Olorum.
Notem que em qualquer ordem que colocarmos um dos sete princípios ele será ativador dos outros seis que trazemos como herança do nosso Criador Olorum. Ao nos aproximarmos de um deles, e se o absorvermos estaremos absorvendo a todos os outros.
Isto tudo é Olorum, o Criador!
Tudo N’Ele age integrado. Nada é por acaso, tudo tem um sentido.
Se aprendermos com o auxílio dos sete sentidos, que Olorum nos dotou com nossa herança ancestral, estaremos de fato integrados ao seu Corpo divino. Não seremos folhas soltas ao vento, nem água parada, insalubre. Todos podem saciar sua sede de conhecimento de Olorum, o Criador. Não seremos simples átomos, distantes do seu elemento gerador, mas sim, seremos parte do Todo divino.
Não seremos uma luz perdida nas trevas, mas sim luzes emanadas do Criador, algumas vezes colocadas nas trevas para servir como faróis em alto-mar a guiar aqueles que estão em longa jornada e que precisam de um sinaleiro que lhes diga onde estão as rotas perigosas, e qual o melhor caminho a seguir para que levem a bom termo sua viagem evolutiva.
Por que isso? Porque sabemos, e acreditamos com muita fé, que um dia partimos do Criador Olorum com uma finalidade: engrandecer a Sua Criação. Sabemos que podemos encontrá-Lo em todos os lugares ao mesmo tempo, falando diferentes línguas a diferentes filhos Seus e a todos Ensinando.
Muitas vezes, Ele não é compreendido. Mas Se incomoda com isso, porque sabe que Se não foi Compreendido numa determinada língua, em outra língua ou em outro tempo Será. Tudo é uma questão de tempo!
Olorum não tem pressa. Ele é “O Perfeito”, e nos tem como parte integrante dessa obra perfeita que é o universo.
Você tem alguma dúvida quanto a isso?
Então só o tempo lhe responderá de forma mais sábia “Quem” e “O Que” é Olorum, o Princípio Criador.
Muito mais poderíamos falar a respeito de Olorum, mas quem ainda não conseguiu entender o Seu princípio, não está preparado para conhecer mais a Seu respeito. E quem entendeu o que foi dito é porque já possui um ou mais dos fatores que compõem Sua herança ancestral. E, no seu devido tempo, terá todas as respostas a respeito de Olorum, o Criador de Tudo e de Todos.
(livro: Umbanda Sagrada – Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni)
Olá.
ResponderExcluirPrimeiramente vou deixar meu agradecimento por mais está ótima leitura.
Minha duvida é de difícil explanação, pois conota aspectos sentimentais de múltiplas interpretações.
Fazemos parte da criação, por conseguinte somos afetados por numerosos aspectos divinos que à compõe, também possuímos elementos divinos em nossas essências, tais qualidades divinas que possuímos podem ser exteriorizadas através de nossos sentimentos e ações, agindo como influenciadores de outros elementos da criação.
Posto isso, façamos um paralelo com nosso processo evolucionário. Seria possível estabelecer um nível de evolução para cada ser, sendo que possuímos todos os aspectos citados no texto como partes de nossas essências? Como estabelecer tais níveis se também somos afetados por um miríade de outros elementos da criação?
Retorno ao contexto inicial destas minhas questões. Acredito que tais fatores que nos impulsionam a evolução estejam em nosso relacionamento com a criação. A partir do instante em que agregarmos os aspectos sapientes e vibracionais externos a nós na criação, precisamos os consolidar em nós, o que naturalmente os fariam serem novamente exteriorizados.
Temo não ter feito intender-me, contudo, a vida é sábia, e ainda me dará a oportunidade de ser mais claro.