Orixá é um poder divino em si mesmo e realiza-se na vida dos seus cultuadores como uma energia viva e divina capaz de realizar ações abrangentes, modificadoras da vida do ser.
Orixá é o poder de Deus manifestado de forma “personificada” em que um ente de natureza divina irradia continuamente esse poder que concentra em si e doa graciosamente a todos que, movidos pela fé, a ele recorrer religiosamente por meio de cantos e orações.
Já quem recorrer magisticamente a eles, aí é preciso outros procedimentos para ativação do seu poder realizador.
Muitos são os poderes de Deus e muitos são os Orixás cultuados na Umbanda. Diferente do Candomblé Nagô, onde o sobrenome é designador da qualidade do Orixá, na Umbanda cada sobrenome simbólico indica uma entidade em si com sua hierarquia espiritual a manifestá-lo e trabalhar incorporado durante as giras ou sessões de incorporação.
Ogum é o Orixá maior. Já Ogum Megê é o “Ogum dos Cemitérios”.
Ogum para todos, Ogum Megê para os trabalhos espirituais no terreiro ou no cemitério.
Para um sacerdote dos Orixás na Nigéria, provavelmente é uma heresia oferendar Ogum em um cemitério. Mas nós só oferendamos Ogum Megê no cemitério, pois, para nós, ele é o ordenador ético e moral dos procedimentos nos domínios de Obaluaiê e Omulu, os donos do “Campo Santo”.
Logo, se é nesse campo que essa entidade atua, é nele que deve ser firmado, oferendado e invocado magisticamente. Esses procedimentos não fomos nós, os encarnados, que determinamos. Quem os ensinou e ordenou que assim procedêssemos foi a espiritualidade que, aos se manifestar em seus médiuns, indicava como deviam proceder.
Pouco a pouco, todo um novo conhecimento e uma nova forma de cultuar e ativar os poderes dos Orixás nos foram sendo transmitidos até que chegamos a um ponto em que precisamos limitar um pouco as muitas possibilidades colocadas à nossa disposição pelos guias espirituais.
Isto é Orixá na Umbanda: uma força e um poder colocados à nossa disposição de uma forma diferente da já tradicional na Nigéria.
Como a Umbanda nasceu no Brasil e foi pensada no plano espiritual por mentes evoluidíssimas, um novo modo e uma nova forma foram tomando corpo e resultaram em uma nova religião.
Tal como o Cristianismo fez com o Velho Testamento: reescreveu-o no Novo Testamento e está aí, há dois mil anos acolhendo e sustentando religiosamente os seus seguidores.
Orixá é poder divino e pode ser adaptado a vários modos e formas de culto e de magia.
Orixá gera religiões e magias porque é poder fundamentado em Olorum, o nosso Divino Criador.
Não tenham dúvidas, se for preciso, eles criam novas formas de culto e novos modos de ativá-los religiosa e magisticamente. Quando e onde for necessário, lá surgirão uma forma e um modo específicos onde seus fundamentos divinos, os naturais, os espirituais e os magísticos estarão preservados e intactos porque são divinos, são sagrados e são parte deles.
Na verdade, os seus fundamentos são imutáveis porque são suas essências e suas qualidades religiosas e magísticas.
Concluindo, Orixás é poder divino colocado à nossa disposição e alcance para recorrermos quando criam-nos ou criamo-nos dificuldades que paralisam nossa evolução espiritual ou material. Ou ambas!
Texto extraído do livro “Os Arquétipos da Umbanda - As hierarquias espirituais dos Orixás” de Rubens Saraceni - Editora Madras.
Quando dizemos que de forma personificada um Orixá não é uma divindade e sim uma força divina, que atua em uma linha divina (assim como explicado em outro texto), o que devemos pensar a respeito de outros orixás não descritos nestas linhas, ou melhor, como associa-los a um poder divino, à exemplo de Exu e Ossain?
ResponderExcluirMuitos tendem a se embasar, mesmo que de forma longinqua, na mitologia trazida dos negros e sua vasta história, confundindo-se na definição de Orixá, elevando a figura de uma pessoa, ou ainda, atribuindo a um espirito/entidade que trabalha na Umbanda este aspecto de santo, digo assim devido ao sincretismo, e está prática deixa o entendimento do que é realmente um Orixá um tanto quanto vaga ou de difícil compreensão.
Na minha singela opinião, já é difícil para a mente humana imaginar a concepção de um Orixá, quanto mais se personificarmos essa essência divina. A personificação implica em aplicar alguns conceitos como classificação e nivelamento, o que ao meu ver não é aplicável. Então como desmistificar a personificação do Orixá?
Primeiramente quero agradecer a este anônimo pelos comentários, pois assim eu tenho que buscar respostas que consequentemente me trazem mais conhecimento e ainda é uma forma de nos ajudar com duvidas e questionamentos a respeito de nossa religião.
ResponderExcluirSendo assim, se não dei alguma "resposta" ou algum comentário sobre o que foi escrito é porque estou em busca de algo coerente, satisfatório e que possa elucidar sobre os temas e questões abordados.
Por isso meu irmão, estou me demorando um pouco com os cometários, mas em breve colocarei algo sobre suas questões aos Orixá e ao Triângulo de força (orixá ancestral, de frene e ajuntó)
Obrigada e fique na paz de Oxalá